Venda de celulares de origem duvidosa resiste na Uruguaiana: 'Usado, seminovo, sem arranhão nenhum', diz vendedor
Venda clandestina de celulares de origem duvidosa resiste na Uruguaiana, no Centro do Rio A Polícia Civil do Rio tem intensificado, nos últimos meses, os esfo...

Venda clandestina de celulares de origem duvidosa resiste na Uruguaiana, no Centro do Rio A Polícia Civil do Rio tem intensificado, nos últimos meses, os esforços para recuperar celulares roubados e devolvê-los aos donos. No entanto, o Centro do Rio, que lidera o ranking desse tipo de crime, ainda enfrenta desafios. Só entre janeiro e maio deste ano, foram registrados mais de 4 mil roubos e furtos de aparelhos na região. Foi justamente nesse local que a equipe do RJ2 encontrou, nesta semana, indícios de que o comércio irregular de celulares permanece ativo — ainda que com novas estratégias. A reportagem percorreu a tradicional região de comércio popular da Uruguaiana e flagrou a venda de aparelhos de origem duvidosa. Já no início da manhã, foi possível constatar a atividade. O cinegrafista Paulo Adolphsson conversou com um dos vendedores: — Fala aí, irmão. Bom dia. — Fala, irmão, tudo certinho? — Qual iPhone tem aí? — Tenho vários. O homem perguntou qual modelo o cliente procurava e, depois de alguns minutos, voltou com os valores: — Tenho [Iphone 13. Entendeu? Dá pra fazer pra 'tu' por dois e meio, R$ 2.500. Tenho o 14 também, o 14 dá pra fazer a R$ 3.100. Até 3 (mil) dá pra fazer, o 14. — É o quê? É usado? — É, usado, seminovo. Sem arranhão nenhum. Novinho, novinho, novinho. Só não tá na caixa, entendeu? — E a garantia, como é que fica? — A garantia é aquilo, tu me deu o número, entendeu? Três meses. Mas não tem estresse não. Tô aqui todo dia, fico aqui na rua, entendeu? A equipe pediu para ver os aparelhos. O vendedor foi buscar um colega e, enquanto isso, reforçou como funciona a suposta garantia. Ele também explicou por que os celulares não ficam à mostra: "Os aparelhos são mais caros, tanto que a gente tem muito bem guardado, entendeu? Tipo assim, é que é complicado..." Pouco depois, o segundo vendedor apareceu com um "cardápio" de ofertas, exibido por fotos no próprio celular: "Vou te mostrar as fotos aqui, que tá meio "babado" aí, pra não ficar pegando aparelho caro aqui, entendeu? Ele vai te mostrar foto, aí. Esse é o 15. Esse dá pra fazer a R$ 3,6 mil". O homem, então, mostrou os aparelhos disponíveis na tela. "Te dou garantia de tudo, pai. Dou meu telefone, tudo certinho, de boa", afirmou, prometendo até nota após a compra. A tática de não exibir os aparelhos publicamente é uma forma de evitar flagrantes em caso de operações policiais. Sem a exposição dos itens, as autoridades têm mais dificuldade em reunir provas contra os vendedores. O modo de atuação contrasta com o que se via no passado. Já foram registradas imagens de venda escancarada de celulares na mesma região. Agora, os vendedores apostam na discrição para continuar oferecendo os produtos — muitos deles com suspeita de origem criminosa. A Polícia Civil disse que investiga a atuação de grupos criminosos, faz ações constantes na região e que uma das principais ações da Operação Rastreio foi feita nessa localidade, quando uma das principais quadrilhas de roubo, furto, desbloqueio e receptação de celular foi desarticulada. Segundo a polícia, na ocasião, 16 criminosos foram presos. A Secretaria Municipal de Ordem Pública e a Guarda Municipal disseram que fazem fiscalizações diárias pra coibir ambulantes ilegais na cidade e apreender mercadorias irregulares. Celular oferecido na Uruguaiana, no Centro Reprodução/RJ2